terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O DESPERTAR, por Cris Lavratti



O despertar, por Cris Lavratti

Não sabia para onde ir. Seus olhos mergulhados na alma, não transbordavam mais as lágrimas que antes inundavam seu rosto.
Elisa finalmente se conformara com a separação. Buscava respostas. Mas não elaborava bem as perguntas. O mundo visto de fora para dentro, era ilusório. Não adiantava insistir. Ela só iria perceber a verdade, ao mudar de ângulo.
Não sabia, ao certo, onde se encaixava no quebra cabeças de sua própria história. Vislumbrava o passado, a infância, os pais, os amigos da escola. Como em um filme antigo colorido a mão, ela se via feliz, brincando, espontânea e sorridente.
Continuou. Lembrou da faculdade de economia, das noites em claro estudando, das festas e de quando o conhecera. Seus olhos brilharam novamente. João era vida para ela. Cabelos ao vento, riso largo, mãos íntegras e um perfume avassalador. Eles se entendiam pelo olhar. Era mágico.
Ah... João. Onde foi que esse brilho se perdera? Pensava ela com o coração. Ainda o amava e por isso o deixara ir. Mas a saudade insistia. Mesmo conformada, a esperança lhe era amiga. A saudade poderia ser somente uma vírgula, não um ponto final.
Sua vida se resumia em trabalho, leituras e terapia. Precisava se encontrar de novo para dar o próximo passo. Mas em meio à tristeza que lhe consumia, era difícil achar uma saída.
Foi quando, inteiramente imersa em seus livros, no precipício de si, sentiu algo novo, como um despertar profundo. Abriu os olhos e percebeu que ainda estava viva.
Ela finalmente se reencontrara com sua essência. Sentiu que deveria se permitir, ir mais além. Um insight. Entendeu que tudo aquilo que via em João, era uma projeção dela mesma. Eles eram iguais na forma de encarar a vida. Não era só ele que brilhava. – Ela também era uma estrela.
E agora, o que fazer com essa descoberta? Pela primeira vez, depois de muitos anos, sentiu um sorriso no canto da boca e deixou que ele tomasse conta por inteiro.
Sorriu, chorou! As lágrimas voltaram a rolar. Mas agora era diferente. Elas estavam ali para curar uma ferida. A dor aos poucos se desfazia e abria espaço para o amor. Amor próprio.
Ela se abraçou. E entregou-se com coragem à sua própria consciência. Entendeu que a dor faz parte da vida, mas que a responsabilidade era dela. Enfim, seu mundo estava desvendado novamente.
Elisa achara a resposta. Agora era com ela. Percebeu que a escolha partia dela, que a dor partia dela e que o amor também partia dela. Respirou fundo e seguiu em frente, com um novo olhar, o coração aberto e as mãos cheias de perdão.

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