OLHAR DO COTIDIANO

Dois em um. Assim é a vida. Assim são nossos prêmios. Três em um, aí já é devaneio. Mas não menos interessante. Aliás, muito mais interessante. Quatro em um, já é exagero. Não precisamos ultrapassar aquela linha tênue que separa as coisas do mundo. Não me refiro ao limiar do que é certo ou errado. Vou além, me refiro ao limiar do que faz mal e do que faz bem. Cada um tem o seu. E pronto.

Se conseguirmos perceber todas as mulheres que vivem dentro da gente. Ninguém mais nos segura. A guerreira, a chorosa, a risonha, a tarada, a amiga, a que não está nem aí para nada, a incapaz de algumas coisas e a capaz de outras tantas, a romântica, a esperta, a traiçoeira, a vítima, a algoz, a mãe, a filha, a que se acha completa e a que sabe que tem muito mais vida para completar o download de uma existência.

Quando aceitarmos todas elas em nós. Quando entendermos que uma é espelho da outra e que a única coisa que muda é o nome. Quando encontrarmos o equilíbrio de Zeus, Poisedon e Hades em nós mesmas. Aí sim, a glória se fará instantânea. Saberemos do que somos capazes. Não deixaremos as atitudes no pensamento e a ação será peça fundamental nos nossos dias.

Quando nos despirmos de toda a hipocrisia que é não aceitar quem somos, esconder, colocar panos quentes. Quando nos libertarmos de nós mesmas e nossos preconceitos. Quando mergulhar e despertar fizerem parte do mesmo barco no oceano da vida. Aí sim, estaremos aptas a concretizar grandes feitos. O da consciência tranquila, o da certeza no falar, no agir, o da fé em nós mesmas e naquilo que nos move e nos dá a vida.

O fundo do poço pode ser o princípio de tudo. Quem cai, levanta mais forte ainda e com mais coragem e com mais vida. Quem cai, aprende a executar. Quem cai, pode ser grandioso. Quem cai e levanta e aprende a cair e sabe levantar, se torna sábio de si. Deuses mitológicos que habitam em nós, Zeus, Poisedon e Hades, cumpram seus papéis nos caminhos da vida e nos tornem capazes de sempre dar um passo a mais.